Sabá das Bruxas: Celebrando a Diversidade e a Bruxaria no Brasil
Descubra o verdadeiro significado do Sabá das Bruxas, suas origens históricas e como essa celebração resiste e encanta na diversidade da bruxaria brasileira.
Hoje eu vim falar sobre um assunto que muitos de vocês devem ter curiosidade: o sabá das bruxas.
O sabá das bruxas é o nome dado a uma reunião daqueles que praticam bruxaria e outros ritos associados. Historicamente, o termo foi usado pela Inquisição para acusar os hereges de adorarem o diabo em cerimônias noturnas cheias de orgias, canibalismo e sacrifícios. Mas será que era isso mesmo que acontecia? Ou será que era apenas uma forma de demonizar as práticas pagãs e as culturas não cristãs?
Na verdade, o sabá das bruxas tem origem nas celebrações dos antigos povos europeus, que seguiam o ciclo da natureza e homenageavam as divindades da fertilidade, da colheita, da caça e da guerra. Essas celebrações eram chamadas de sabbats, que vem do hebraico shabbath, que significa "descanso". Os sabbats eram realizados em datas específicas do ano, marcadas pelos solstícios, equinócios e pelos meios dos meses. Eles representavam as mudanças das estações e as fases da vida do Deus e da Deusa.
Os sabbats eram momentos de festa, alegria, comunhão e magia. As bruxas se reuniam ao redor de fogueiras, dançavam, cantavam, comiam, bebiam e realizavam rituais para agradecer, pedir ou celebrar algo. Elas também se conectavam com os espíritos da natureza, dos ancestrais e dos animais. Cada sabbat tinha um significado diferente e um propósito específico.
Mas o que isso tem a ver com o caosismo, a magia do caos, a Kimbanda e a bruxaria brasileira? Bom, tudo e nada. O caosismo é uma filosofia que defende que o universo é regido pelo caos e que a realidade é subjetiva e mutável. A magia do caos é uma forma de bruxaria que usa essa filosofia como base e que não segue nenhuma tradição ou dogma específico. O mago do caos usa sua criatividade, sua intuição e sua vontade para criar seus próprios métodos e símbolos mágicos.
A Kimbanda é um sistema mágico/religioso afro-ibero-brasileiro que cultua os Exus e as Pombagiras, entidades ligadas à amaralidade, à comunicação, à justiça e à magia. A Kimbanda é considerada uma religião de resistência e de libertação dos oprimidos. Os adeptos da Kimbanda realizam rituais em terreiros ou encruzilhadas, onde invocam/evocam os Exus e as Pombagiras para pedir direcionamento, conselhos, trabalhos e tbm resgatar suas ancestralidades e práticvas mágicas em seus DNA.
A bruxaria brasileira é um termo amplo que engloba diversas formas de práticas mágicas no Brasil. Ela pode ser influenciada por diversas fontes, como a bruxaria tradicional europeia, a bruxaria moderna (como a Wicca), as religiões afro-brasileiras (como a Umbanda e o Candomblé), as religiões indígenas (como o Xamanismo), as religiões orientais (como o Budismo e o Hinduísmo) e outras correntes esotéricas (como o Hermetismo e a Teosofia) e até mesmo a Kimbanda quem mais reivindica este titulo!
O que todas essas formas de bruxaria têm em comum é que elas são expressões da diversidade cultural, religiosa e mágica do Brasil. Elas também são formas de resistir ao colonialismo, ao racismo, ao machismo e à intolerância religiosa que ainda persistem na nossa sociedade. Elas são formas de afirmar a identidade, a liberdade e o poder dos bruxos brasileiros.
Então, podemos dizer que o sabá das bruxas é uma forma de celebrar essa diversidade e essa resistência. É uma forma de se conectar com as forças da natureza, com os espíritos aliados e com os próprios deuses. É uma forma de se expressar criativamente. É uma forma de honrar os ancestrais que nos ensinaram a arte da bruxaria. Mas nao podemos esquecer que dentro deste contexto, dessas passagens celebradas existem dezenas de variaçoes a depender a sua Tradiçao e Egregóra, pois podem contar muito mais momentos e formas de cultuar isso, obviamente neste texto podemos fornecer isso de forma macro, mas o contexto do que ocorre dentro desses sabás seria impossivel, em alguns deles celebram com itens naturais, em outros com sacrificios adubando a terra com sangue, ja em outros com ritos mais atávicos, com máscaras, quimiognoses, enfim, seria uma lista imensa tentar listar todos tipos de práticas cabíveis num sabá. Acredito ter dado bastantes exemplos práticos acima.
Mas como fazer um sabá das bruxas? Bom, não há uma receita única ou certa. Cada bruxo pode fazer do seu jeito, seguindo sua intuição ou sua tradição. O importante é ter respeito pelas entidades envolvidas, pelas pessoas participantes e pelo local escolhido. O importante é ter consciência do propósito do sabá e da energia que se quer gerar ou manipular.
Algumas dicas para fazer um sabá das bruxas são:
- Escolher uma data adequada ao sabbat que se quer celebrar ou ao objetivo que se quer alcançar;
- Escolher um local seguro, limpo e harmonizado energeticamente;
- Convidar pessoas confiáveis, amigáveis e afinadas com a proposta do sabá;
- Preparar um altar com objetos simbólicos relacionados ao sabbat ou ao objetivo;
- Preparar alimentos e bebidas típicos ou adequados ao sabbat ou ao objetivo;
- Preparar músicas, danças, jogos ou outras atividades lúdicas para animar o sabá;
- Preparar rituais simples ou complexos para invocar as entidades desejadas ou para realizar a magia pretendida;
- Agradecer às entidades presentes pelo auxílio ou pela companhia;
- Limpar o local após o término do sabá;
- Registrar em um diário ou em um livro das sombras as experiências vividas no sabá.
Ninguém é capaz de dizer precisamente se determinadas coisas ocorrem ou não, embora cada indivíduo possa ter experiências muito diferentes, e igualmente vívidas. (…) Minha própria experiência de diversos Sabbats aponta que há uma exteriorização consumada, e que todas as memórias subsequentes são da realidade.
Austin Osman Spare, citado em O Renascer da Magia, de Kenneth Grant
E vocês? Já participaram ou gostariam de participar de um sabá das bruxas? Contem nos comentários suas histórias ou suas dúvidas sobre esse tema fascinante. Espero que tenham gostado desse post provocativo e reflexivo sobre o sabá das bruxas. Até a próxima!
Witches' Sabbat: Celebrating Diversity and Magic in Brazil
Today I've come to talk about a subject that many of you may be curious about: the witches' Sabbat.
The witches' Sabbat is the name given to a gathering of those who practice witchcraft and related rituals. Historically, the term was used by the Inquisition to accuse heretics of worshiping the devil in nocturnal ceremonies full of orgies, cannibalism, and sacrifices. But was that really what was happening? Or was it just a way to demonize pagan practices and non-Christian cultures?
In reality, the witches' Sabbat has its origins in the celebrations of ancient European peoples who followed the cycles of nature and honored the deities of fertility, harvest, hunting, and war. These celebrations were called Sabbats, derived from the Hebrew word "shabbath," which means "rest." Sabbats were held on specific dates throughout the year, marked by solstices, equinoxes, and mid-month points. They represented the changing seasons and the phases of the God and the Goddess's lives.
Sabbats were moments of celebration, joy, communion, and magic. Witches gathered around bonfires, danced, sang, ate, drank, and performed rituals to express gratitude, make requests, or celebrate something. They also connected with nature spirits, ancestors, and animals. Each Sabbat had a different meaning and a specific purpose.
But what does this have to do with Chaos Magic, Kimbanda, and Brazilian witchcraft? Well, everything and nothing. Chaos Magic is a philosophy that posits that the universe is governed by chaos, and reality is subjective and mutable. Chaos Magic is a form of witchcraft that uses this philosophy as its foundation and doesn't adhere to any specific tradition or dogma. Chaos magicians utilize their creativity, intuition, and willpower to create their own magical methods and symbols.
Kimbanda is an Afro-Ibero-Brazilian magical/religious system that worships the Exus and Pombagiras, entities associated with sensuality, communication, justice, and magic. Kimbanda is considered a religion of resistance and liberation for the oppressed. Followers of Kimbanda perform rituals in temples or crossroads, where they invoke/evocate the Exus and Pombagiras to seek guidance, advice, and assistance in their magical practices and ancestral connections encoded in their DNA.
Brazilian witchcraft is a broad term that encompasses various forms of magical practices in Brazil. It can be influenced by various sources, such as traditional European witchcraft, modern witchcraft (like Wicca), Afro-Brazilian religions (such as Umbanda and Candomblé), indigenous religions (such as Shamanism), Eastern religions (like Buddhism and Hinduism), and other esoteric currents (like Hermeticism and Theosophy), with Kimbanda being the one that claims this title the most!
What all these forms of witchcraft have in common is that they are expressions of Brazil's cultural, religious, and magical diversity. They are also ways to resist colonialism, racism, sexism, and religious intolerance that still persist in our society. They are ways to affirm the identity, freedom, and power of Brazilian witches.
So, we can say that the witches' Sabbat is a way to celebrate this diversity and resistance. It is a way to connect with the forces of nature, allied spirits, and the deities themselves. It is a way to express oneself creatively. It is a way to honor the ancestors who taught us the art of witchcraft. But we can't forget that within this context and these celebrated passages, there are dozens of variations depending on one's Tradition and Egregore, as they can encompass many more moments and forms of worship. Obviously, in this text, we can provide a macro perspective, but it would be impossible to cover the entire range of practices possible in a Sabbat. There are diverse rituals, such as using natural items, engaging in sacrificial acts to nourish the earth with blood, or participating in more primal rites with masks and chemical knowledge. The variations are immense, and attempting to list all the types of practices that can be included in a Sabbat would be an extensive task. I believe I have provided sufficient practical examples above.
But how do you go about conducting a witches' Sabbat? Well, there isn't a single or correct recipe. Each witch can do it their own way, following their intuition or their tradition. The important thing is to have respect for the entities involved, the participants, and the chosen location. It's important to be aware of the purpose of the Sabbat and the energy you want to generate or manipulate.
Here are some tips for conducting a witches' Sabbat:
Choose a suitable date corresponding to the Sabbat you want to celebrate or the goal you want to achieve.
Select a safe, clean, and energetically harmonized location.
Invite trustworthy, friendly people who are aligned with the Sabbat's purpose.
Prepare an altar with symbolic objects related to the Sabbat or the goal.
Prepare typical food and beverages associated with the Sabbat or the objective.
Arrange music, dances, games, or other playful activities to liven up the Sabbat.
Prepare simple or complex rituals to invoke desired entities or perform intended magic.
Express gratitude to the present entities for their guidance or companionship.
Clean up the location after the Sabbat concludes.
Record the experiences lived during the Sabbat in a journal or Book of Shadows.
What about you? Have you ever participated in or would you like to participate in a witches' Sabbat? Share your stories or questions about this fascinating topic in the comments. I hope you enjoyed this thought-provoking and reflective post about the witches' Sabbat. Until next time!